Ninguém, fora dos muros e grades, possui a mínima capacidade imaginaria, para declarar o que ocorre dentro de certos pavilhões prisionais. Eu, bem sei, e já li, as estarrecedoras revelações contidas em brasilmaldito.com; todavia, por ser mais uma das milhares de vítimas injustiçadas nos descasos do País, creio, que ainda caibam mais, as seguintes e assustadoras declarações.
Aqui, eu, com formação superior, discorro minha pena rumo ao foco do que vivi, no que fora chamado de progressão de regime, quando então, fui levado pelo espírito, a conhecer os horrores, de como vivem, os considerados menos que animais, detentos do Plácido Sá Carvalho.
Para que me não alongue no vício da escrita, deslizarei na ignorância do sucinto, onde espero que, através de minha destra pena, os gritos e gemidos, promulgados pelo hediondo, sejam finalmente ouvidos atendidos, ainda que mesmo eu, não o creia; porém, como quem tem a missão de bradar na meia noite, gritarei, no cumprimento de minha ordenança, sem me importar, com quem quer, se despertará ou não.
Imagina o leitor, um ser humano, independente do seu delito, visto até mesmo haverem muitos, indevidamente sequestrados, terem que se submeter a uma alimentação de “arroz com feijão”, por um período de 15 (quinze) anos? Chega um tempo, em que a inanição, faz com que lógica já não tenha mais sentido algum, onde apenas o fulgurar de antigas memórias, é tudo que faz sentido (o crime). Tem dias em que a ração não se permite ingerir levando milhares de homens do sistema, após lançarem ao lixo o que enriquece muita gente, irem dormir com fome.
A água é proveniente de caixa que, sem nenhuma manutenção, permanecem como desde o dia de sua inauguração. A água dos detentos é aberta, e jorra para alguns toneis três vezes por dia, onde faz-se necessário o armazenamento pessoal em garrafas pet, para matar a sede, e no tonel, a temperaturas gerais de 15° (quinze graus), são usadas para banhos.
As “camas” do complexo chegam atingir altura superior a três metros, de onde ocorrem numerosas quedas, e como não existe atendimento com menos de 40 (quarenta) dias, em virtude do mal humor, e não cumprimento do dever, das enfermeiras, contemplamos pessoas com braços inchados, quebrados, e mesmo pendurados, em virtude das quedas e descasos (tenho certeza que mais nobre seria a pena de morte).
Imaginem agora, idosos que não se aguentam de pé, com 89 (oitenta e nove) anos, tentando a agacharem sobre um buraco para fazerem suas necessidades?
Imaginem agora, idosos em cadeira de rodas, como fazer? Tudo isso contemplei, fazendo-me entender que os verdadeiros bandidos, são em verdade, os que compõe o sistema, visto cometerem crimes e torturas, superior aqueles a quem detivera.
Os horrores do atendimento da enfermaria são tão absurdos, que preciso retocar. Essa gente é paga para trabalhar, mas não atendemos presos, ao ponto de uma dessas indigentes declarar: “hoje não estou a fim, não vou atender mais ninguém”. Esse é como já disse alguém: “o brasil maldito, que precisa ser reconstruído, mas primeiro, implodido”.
As celas, generalizadamente, são infectadas por uma espécie de percevejo, os quais atacam somente à noite.
Não existe detento que não tenha sido atacado por esta praga, passando inclusive, muitas noites sem dormir, com o corpo coberto por feridas que, desencadeiam momento alérgico, com coceiras tão extremas que, ensanguentam todas as vestes. Para piorar as condições macabras oriundas do descaso do sistema, surge ainda, a burocracia proibitiva, onde para colocar um remédio usual para o socorro, torna-se muitas vezes impossível.
Ainda, aprisionados, há diversos detentos com aparente problemas mentais, pessoas que deveriam estar sob cuidados e remédios monitorados, mas, no axioma descaso com a vida de um sistema assassino, mostram o quanto se preocupar com a tortura e sofrimento alheios.
Os detentos andam sujos e mulambentos, não têm acesso a nenhum tratamento dentário, o que gera o acréscimo de odores sobre dores, já que após cinco anos, muitas são as disfunções odontológicas. Uma série de outros direitos dos presos não são atendidos, estampando a vívida verdade, de que o objetivo do sistema, é levá-los as torturas, e se possível, à morte.
Naquele lugar, onde através do sistema satanás reina, repito: pessoas, seres humanos, se contorcem por meses sobre uma “cama”, com o rosto desfigurado por dores de dente. As dores de garganta são uma constante avassaladora, e, o resultado disto é a desenfreada automedicação; pois, no desespero de livrarem-se das dores e aforias, ingere-se o que aparecer, e com isso, toda a sociedade sofrerá, pois, de onde você acha que surgem as bactérias ultra resistentes? Eu explico: essas pessoas não tem conhecimentos nem recursos, então, o medicamento de 5 (cinco), ou 7 (sete), ou mesmo 10 (dez) dias, são ignorantemente ingeridos, além de intervalos indevidos, em espaços de tempo (dias) indevidos, o que geram vírus e bactérias muito mais fortes, fazendo com que toda sociedade seja atingida. Portanto, você que ignora a tortura e descaso dos detentos, fica ciente; um dia, ou você, ou um filho, ou um neto seu, poderá ser alvo de todo este descaso. O que colherá aquele que semeia o mal? E isto não importa na vida de quem quer que seja. Como diz Elias: MALDITO RIO DE JANEIRO, MALDITO BRASIL (TUAS MORTES SE MULTIPLICARÃO).
Em fim, que a sociedade não se iluda, dizendo: “são bandidos e tem mais é que se ferrar e morrer”; porque sim, se ferram; e até mesmo morrem; mas, quando contemplamos o que alguns chamam de sociedade, vemos claramente o legado dos mortos e ferrados, em marcas e cicatrizes cuja quais os olhos cegos do descaso, não são capazes de perceber que, as covas estão abertas, e por mais que traguem, a justiça não as deixam saciar.
Deixo ainda uma denúncia: o corpo médico do PLÁCIDO, recusa atendimento aos detentos.